O NOVO ROCK SUECO, PARTE 7: WYTCH, HAZEMAZE E NEKROMANT


É notória a predominância de artistas da The Sign Records aqui nessa coluna. O faro da gravadora para contratações de calibre é sempre digno de efusivos aplausos; mas que tal, desta feita, voltarmos nossa atenção para um selo diferente? Miremos esforços essa semana no trabalho da californiana Ripple Music, especializado em vertentes como doom clássico (sabbathiano), stoner e tudo aquilo o que for lento e/ou retrô – e que entendeu que uma gravadora de rock ou metal sem nomes suecos em seu cast está fadada ao fracasso e à irrelevância. A elas, portanto.


WYTCH



Wytch faz por merecer um rótulo pouco utilizado, mas de impacto imediato: Heavy Rock. Formado em Skelleftea, sede da comuna de mesmo nome e conhecida não somente por suas reservas de ouro (daí o apelido “Goldtown”), mas também por seu forte time de hóquei no gelo, esse quinteto é mais um da nova geração sueca a utilizar-se de vocais femininos, porém em uma linha menos Flower-Power que seus congêneres como Heavy Feather e Children of the Sun (já abordados anteriormente por aqui), e sim na pegada do conterrâneo Avatarium, repleto de inserts setentistas, porém cuja estruturação dos temas remete diretamente ao metal. Tentarei uma comparação arriscada aqui: imagine se o Candlemass (banda liderada desde sempre por Leif Edling, coincidentemente também criador do Avatarium) encontrasse o norte-americano Clutch e adicionasse a suas fileiras uma cantora que ouviu bastante Alice in Chains. Confira logo abaixo o (ótimo) único álbum da trupe até aqui, “Exordium”, lançado pela Ripple.

 

HAZEMAZE



O espírito que as bandas retrô tencionam resgatar reside simbolicamente na configuração em Power TrioBlue Cheer como o paradigma maior, Jimi Hendrix Experience e Cream como referências incontornáveis. O Hazemaze é mais um a lançar mão deste formato canônico, e chega para provar que Estocolmo também pode ressoar Fuzz por todos os lados. Seu trabalho, iniciado em 2016 e até o momento registrado em dois álbuns (o debut auto-intitulado, de 2018, e “Hymns of the Damned”, de 2019, editado nos EUA pela Ripple), possui inclinação mais Stoner “moderno” que a média de seus símiles, com distorção pronunciada do baixo e andamento Sludge, porém os caras são fãs de Black Sabbath demais para que o Doom não tome conta de cada acorde – já que curto uma analogia sem pé nem cabeça, aí vai mais uma: é como se o Matt Pike entrasse no Kadavar para tocar covers de Volume 4. “Blinded By The Wicked”, sua estreia pelo selo italiano Heavy Pshych Sounds, chega a nós dia 28 de janeiro – confira a incrível “In The Night Of The Light, For The Dark”, primeiro single da bolacha.

 

NEKROMANT


 
A mão de Phil Lynnot se estende generosa por sobre toda uma geração de bandas escandinavas – e o trio Nekromant é mais um a receber as bênçãos do baixista/vocalista irlandês. Naturais de Vargön, localidade pertencente à cidade de Vanesbörg, parte integrante da província de Västergötland e do condado de Västra Goätaland (ufa!), o conjunto foi formado em 2011, inicialmente com o nome de Serpent; desde 2016 com a designação atual (retirada do debut da encarnação anterior), aprimora ano a ano suas tendências “Thinlizzeanas”, mas não se resume a apenas isso: tarados por uma timbragem a la Judas Priest e por harmonias decalcadas dos Scorpions (era Uli Jon Roth), sua especialidade é o Proto-Heavy e as semi-baladas de embalagem épica. A Ripple editou o terceiro álbum dos caras, “The Nekromant Lives” – dia 3 de dezembro último, agora via Despotz Records, veio à luz “Temple of Haal”, quarto disco do grupo, que promete colocá-los lado a lado aos conterrâneos Night e Hypnos como os mais competentes cultores suecos do metal vintage. Ouça-o na íntegra logo abaixo.










 

 

Deixe um comentário