STONER ROCK ITALIANO, PARTE 4: DOCTOR CYCLOPS, FVZZ POPVLI E RANCHO BIZZARRO

Doctor Cyclops

Prosseguindo nosso passeio pelo rock cru italiano, depois de um considerável intervalo: desta feita passaremos por Roma, daremos um pulo na comuna de Voghera, na Lombardia (que dista 611 km da capital, em um trajeto de quase 5 horas), e enfim partimos para Livorno, na região da Toscana (3 horas de viagem tanto para romanos quanto para lombardos).

 

Voghera

Quanto mais conhecemos a respeito do cenário stoner do país, mais são as bandas que brotam caudalosas dos sulcos do asfalto – e elas, sempre dispostas a transformar um simples pedalzinho Fuzz em manancial copioso de diversão vintage, tomam o território da Itália de cima a baixo, sem cerimônia ou distinção de procedência. A seguir, mais algumas recomendações que o Monophono pinçou nesta incrível terra em formato de bota, e que definitivamente não serão as últimas.

 

DOCTOR CYCLOPS

 

Doctor Cyclops

Esse é o pessoal de Voghera, comuna de 40 mil habitantes, terceira cidade mais povoada da província de Pávia, localizada na região da Lombardia. Power trio de enfoque setentista, o Doctor Cyclops é veterano nas estradas do fuzz: está na ativa desde 2008, e acumula três álbuns em sua caminhada particular (“Borgofondo”, em 2012, e “Oscuropasso”, em 2014, pela gravadora alemã World In Sound; “Local Dogs”, de 2017, é obra da onipresente Heavy Pshych Sounds). Admitem forte influência de Sir Lord Baltimore, Captain Beyond e Black Sabbath em seu som, porém Cream é a verdadeira mão invisível a reger o grupo, na estruturação das músicas, nas levadas, na pegada “jackbruceana” do baixista Francesco Filippini, mas em especial na voz do também guitarrista Christian Draghi – essa, Eric Clapton até as tampas. Confira logo abaixo essa aventura fortemente acidificada.

 


FVZZ POPVLI

Fvzz Popvli

 

Eis a turma romana – sem surpresa alguma, um power trio, à moda dos conterrâneos Black Rainbows e Ape Skull, citados em colunas anteriores. Seus dois primeiros álbuns, “Fvzz Dei”, de 2017, e “Magna Fvzz”, do ano seguinte, foram editados por ela, a Heavy Pshych Sounds; o terceiro, “lll”, lançado há pouco, em 2023, saiu pela RetroVox.

 

Roma
Roma

Definem-se como “maconheiros viciados nos riffs do Black Sabbath tocando com atitude garageira e espírito punk”, e tal descrição é apenas ponto de partida para a música do Fvzz Popvli: jogue aí também dissonâncias estilo Fu Manchu, rock alternativo (refrão de “The Last Piece of Shame”, Pixies puro), blues (“20 Cent Blues”), timbre de baixo a la Mike Watt, riffs poeirentos, vocais pastosos… A banda se pauta pela liberdade, e passeia por todos esses elementos da maneira que bem lhe convém. Ouça a fabulosa “Magna Fvzz” e seja bem-vindo ao mundo dos fitas.

 

RANCHO BIZZARRO


Rancho Bizzarro

Pra finalizar, a galera de Livorno, comuna esta pertencente à região da Toscana, costa oeste da Itália. Cidade portuária por excelência, com fortificações que serviam à sua segurança contra ataques marítimos e que hoje são atrações turísticas, a localidade é indiscutivelmente um dos pontos “secretos” mais lindos da Velha Bota.

 

Livorno

Deste lugar incrível veio o quarteto Rancho Bizzarro, com um par de EPs e dois álbuns completos na conta: o auto-intitulado de 2017, obra da Argonauta Records, e “Four Dead Men”, de 2023, na íntegra logo abaixo, para seu deleite. Ainda falaremos bastante de space rock instrumental, já que diversas bandas italianas se dedicam a essa vertente; contudo, saiba de antemão que o Rancho Bizzarro é uma das melhores. Se você quer entender como riffs e arranjos se tornam protagonistas de uma canção sem vocais, e isso de forma plenamente natural, eis aqui uma carta magna.

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