A REDESCOBERTA DA PLURALIDADE MUSICAL BRASILEIRA DOS ANOS 60, 70 E 80 PELO MUNDO

Confira alguns dos selos, gravadoras, clubes de vinil e garimpeiros responsáveis por esse processo (foto coleção pessoal)


A pluralidade musical brasileira dos anos 60, 70 e 80, vem sendo redescoberta pelo mundo nos últimos anos. Bossa Nova, Jazz, Groove, Afrobeat e Samba, são os ingredientes que dão origem a essa miscelânea tropical. Esse redescobrimento  não diminui a importância que cada músico ou banda teve no período de seus lançamentos originais ou durante toda a sua carreira, porém esse trabalho minucioso de redescobertas e relançamentos, faz com que essas obras atinjam um público cada vez maior e que talvez não teriam acesso a tais preciosidades produzidas por aqui, mesmo porque muitas delas até então eram itens quase impossíveis de serem encontrados. Selecionamos abaixo alguns dos selos nacionais e internacionais, clubes de vinil e lojistas responsáveis por essa labuta excepcional e essencial:


MR. BONGO (BRIGHTON – INGLATERRA)

Com 30 anos de existência, o selo europeu Mr. Bongo se especializou em brasilidades, e foi responsável pela reprensagem de discos em vinil lançados nesse período. Os músicos Sandra de Sá, Marcos Valle, Tim Maia, Toquinho, Robson Jorge & Lincoln Olivetti, Gal Costa, Antonio Carlos & Jocafi, Pedro Santos, Arthur Verocai, Jorge Ben, fazem parte do cast da gravadora, que também conta com uma série magnífica de singles em vinil 7″ chamada Brazil 45“, com nomes tão expressivos e importantes para o entendimento do quão inovadora e criativa foi essa época. Entre eles estão Tony Tornado, Di Melo, Claudia, Celia, Evinha, João Luiz, Wilson Simonal, entre outros.

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LUAKA BOP – (NOVA YORK-EUA)

Outro selo internacional que contribuiu bastante para esse processo de redescobertas foi a gravadora Luaka Bop, fundada em 1989 por David Byrne (Talking Heads) e sediada em Nova York, foi a responsável por apresentar Tim Maia para o mundo através do disco/coletânea “Nobody Can Live Forever: The Existential Soul Of Tim Maia” (leia mais aqui)Também fazem parte dos lançamentos da gravadora coletâneas de Tom Zé e Os Mutantes, além de um Box especial em vinil que contempla grandes nomes brasileiros de diferentes estilos dessa época.

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POLYSOM – (RIO DE JANEIRO-BRASIL)

A incrível gravadora e fábrica de discos Polysom foi uma das principais responsáveis em terras brasileiras por expandir a diversidade musical produzida naquela época, através da série Clássicos em Vinil: Pedro Santos, Belchior, Tom Zé, Secos e Molhados, Clube da Esquina, Lô Borges, Tony Tornado, Marcos Valle, Tim Maia e uma quantidade interminável de títulos que seguem sendo reprensados. Os álbuns (lançados em vinil 180 gramas) podem ser encontrados em diferentes lojas especializadas de discos, inclusive nas lojas citadas nessa matéria.



FATIADO DISCOS E BRASILIS GROOVES (SÃO PAULO-BRASIL)

Di Melo, o “imorrível”, um dos precursores da Soul Music nacional, teve sua carreira redescoberta no final dos anos 90, quando a faixa “A Vida Em Seus Métodos Diz Calma” fez parte da coletânea “Blue Brazil 2“, do selo Blue Note, ao lado de músicos como Elza SoaresWilson SimonalMilton Banana, entre outros. 

Seu primeiro álbum homônimo, lançado originalmente em 1975, foi relançado em cd  no ano de 2002, através da coleção “Odeon 100 Anos”. Em 2011, o disco foi reeditado em vinil 12″ pelo selo Brasilis Grooves e em 2013, pelo selo francês Superfly Records. Em 2018, o selo Fatiado Discos lançou uma edição especial do álbum também em vinil, contendo fotos inéditas de Di Melo e até hoje, mantém fortes laços com o músico através de shows e aparições em seu espaço físico.

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SOMATÓRIA DO BARULHO – CANDONGA (SÃO PAULO-BRASIL)

O selo Somatória do Barulho, responsável por relançamentos caprichados de discos em vinil como “Rap é Compromisso” e “Sabotage – Álbum Póstumo” do rapper Sabotage, “Evolução é uma Coisa” do RZO, “Eu Tiro é Onda” do Marcelo D2, entre outros títulos, criou um sub-selo no ano de 2014 chamado Candonga, com o intuito de resgatar compactos antigos de clássicos nacionais (alguns ainda obscuros) da década de 60 e 70,  que até então eram raros, e relançá-los em vinil.

Ao todo foram lançados 8 compactos em vinil 7” 45RPM: Toni Tornado “Podes Crer Amizade”, Wilson Simonal “Brasil eu Fico”, Miguel de Deus “Black Soul Brothers”, Grupo Arembepe “Rosa Mulher” e “Iaiá / Lá na Esquina”, Daniel Salinas “Tenha Fé Depois Amanhã”, Marisa Rossi “Cinturão de Fogo” e João Luiz “Sambarê / Super Mulher”. 


Além disso, fazem parte dos lançamentos da Somatória do Barulho, a coletânea “As  Mais Boogies Vol. 1“, contendo singles/compactos lançados nos anos 80 de gênios do Boogie Nacional como Tony Blue, Elizio de Búzios, Tony Bizarro, Rubão Sabino, Eletric Boogies, Let´s Dance, Cassiano, Newton Drinckwater, Gaby Whiskadão e Tim Maia, ambos lançados na época como promos e que provavelmente nem chegaram às prateleiras de lojas de discos. Além desse petardo já fora de catálogo, a Somatória lançou relançou o primeiro álbum solo de Noriel Vilela, “Eis o Ôme“, contendo a faixa bônus “16 Toneladas“.



BILESKY DISCOS (ITAPEVA-BRASIL)

A loja virtual Bilesky Discos deu seu pontapé inicial como Selo através do lançamento em vinil de um clássico da Soul Music Brasileira. “Nossa Imaginação“, do uruguaio radicado no Brasil Don Betto, lançado originalmente em 1978, alcançou o Globo de Ouro na categoria Disco do Ano em 1979. Um álbum carregado de influências da música caribenha e espanhola, mesclado com ritmos brasileiros. Cantor, compositor, guitarrista, arranjador e violinista, Don Betto foi guitarrista da banda que acompanhava Raul Seixas.

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NOIZE RECORD CLUB (PORTO ALEGRE-BRASIL)

O primeiro clube exclusivamente de vinil da américa latina surgiu no ano de 2014, fundado pela revista Noize. Mesclando lançamentos de músicos e bandas contemporâneas e clássicos da música brasileira, a Noize Record Club foi responsável pela reprensagem de álbuns como “Os Afro-Sambas” de Baden Powell e Vinicius de Moraes, o álbum homônimo “Gilberto Gil” (1968), “Tem que Acontecer” de Sérgio Sampaio, “Marku” de Marku Ribas, “Pérola Negra” de Luiz Melodia, e em sua edição de número #114 lançada recentemente, o álbum “Disco Club” de Tim Maia.

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TRÊS SELOS (SÃO PAULO-BRASIL)

O segundo clube de vinil do Brasil surgiu no ano de 2018, através um projeto criado por 3 selos: Assustado Discos, EAEO Records e Goma Gringa, sendo que esse último atualmente não faz mais parte da sociedade. A Três Selos já conta com 32 lançamentos e durante esse tempo relançou álbuns importantes das décadas citadas nessa matéria, como “20 Palavras ao Redor do Sol” de Cátia de França, “Sinceramente” de Sérgio Sampaio, “Simples” de Luis Vagner Lopes e  “Som do Paulinho” de  Arnaud Rodrigues.

Para fazer parte do clube de vinil da Três Selos, clique aqui.


Apesar do crescente número de reprensagens no mercado, alguns títulos ainda não entraram no radar dos selos e gravadoras, e seguem perdidos por sebos e coleções pelo Brasil afora, muitos deles desconhecidos pelo público. A importante figura do garimpeiro profissional faz toda a diferença nesse processo de redescoberta. São eles que executam a difícil tarefa de encontrar álbuns raros e são responsáveis um tratamento especial em cada um deles, antes que cheguem nas mãos dos clientes finais. Limpeza, troca de plásticos externos e internos, análise da qualidade dos discos, catalogação, fotos, textos explicativos sobre a obra, entre outros detalhes. Selecionamos 2 profissionais que acompanho à algum tempo, que trabalham com amor e seriedade e principalmente, repassam o produto por um valor justo, sem preços abusivos cobrados normalmente por pessoas que visam somente o lucro.


PINDORAMA DISCOS

Roger é o responsável por trás da Pindorama Discos, uma loja virtual recheada de raridades da música brasileira dos anos 60, 70 e 80. Por lá é possível encontrar álbuns de diferentes estilos como Afrobrasilidades, Lambada, Carimbó, Guitarrada, MPB, Samba, entre outros, atualizados diariamente, com novidades que se esgotam rapidamente através do Instagram da loja.

Para dar aquela garimpada online, clique aqui e aqui.


PEDRADAS DO COLUCCI

Colucci é um dos grandes nomes que fazem a diferença através do site Discogs. Considerado um dos maiores contribuintes, já vendeu milhares de discos pela plataforma. Através de seu Instagram, Colucci anuncia quase que diariamente raridades à preços justos e qualidade impecável. Grandes lotes são vendidos em sua totalidade em poucas horas. Vale muito a pena ficar de olho e aguardar para que aquele tão aguardado álbum apareça por lá. Mas seja rápido!

Para acompanhar o seu trabalho, clique aqui e aqui.

4 comentários em “A REDESCOBERTA DA PLURALIDADE MUSICAL BRASILEIRA DOS ANOS 60, 70 E 80 PELO MUNDO

  1. Notícias importantes relançamento de grandes valores musicais nacionais. Parabéns é uma forma de preservação da nossa história.

  2. Voces esqueceram Mad About Records de Lisboa (Dom Salvador e Aboliçao- Renata Lu- Ronaldo e Central do Brasil-Edson Frederico eTransa…..

    1. Obrigado Nicolas pelo toque! Acabamos focando mais nos selos e gravadora das quais eu tenho discos na minha coleção, mas vou fazer uma atualização na matéria!!!

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