MORRE ALEXI LAIHO AOS 41 ANOS: CHILDREN OF BODOM E O PARADOXO IRRESOLÚVEL DO “METAL EXTREMO COMERCIAL”



O guitarrista/vocalista finlandês Alexi “Wildchild” Laiho, conhecido por suas cerca de duas décadas e meia à frente do Children of Bodom, morreu semana passada, de causas ainda não divulgadas (embora os problemas de saúde que enfrentava fossem notórios e visíveis, a começar por sua evidente deterioração física nos últimos anos – se gerados por vício em drogas, problema que o frontman sempre admitiu possuir, saberemos depois). Contratempos com a banda que lhe fornecia o ganha-pão diário também devem ter contribuído para sua triste (e de certa forma inesperada) derrocada: sem os direitos legais de utilizar o nome do COB após a saída de 2/3 dos integrantes em 2019 (inclusive o baterista Jaska Raatikainen, que ajudou o cantor a fundar o conjunto), Laiho recentemente tentava emplacar o Bodom After Midnight, para assim dar prosseguimento à sua carreira sem desgarrar-se das raízes. As três músicas registradas por esse projeto de tão breve existência terão lançamento póstumo, agendado para breve.



Sujeito talentoso, porém com irrefreável propensão ao espalhafato, Laiho fundou o Children of Bodom ainda na primeira metade dos anos 90. O início auspicioso, com os álbuns “Something Wild” e “Hatebreeder”, logo se diluiu: transformado nos anos 2000 em um grupo que sempre batia à porta do mainstream, mas que nunca necessitou transpor o nicho metálico para ser comercialmente bem-sucedido (à semelhança de contemporâneos de geração com status semelhante, tais como Lacuna Coil, Arch Enemy e os conterrâneos finlandeses do Nightwish), o COB trilhou um caminho ambíguo, sempre obedecendo as vontades extravagantes de seu líder. Alexi fazia questão de transitar por extremos diametralmente opostos, como gravar covers de Britney Spears ao mesmo tempo em que participava de um álbum do Impaled Nazarene; porém, nessa verdadeira gangorra estilística, nunca definiu um real norte para seu grupo principal: entre encampar uma sonoridade de fato agressiva ou partir sem pudores para algo descaradamente vendável, ele no fim optou por nenhum. Sua maior contribuição musical foi a de pavimentar, junto a alguns nomes suecos surgidos poucos anos antes, um caminho mais melódico para o death metal europeu – ficam sua (merecida) fama de bom guitarrista e muitas histórias de excessos extra-palco, bem pouco para alguém cujo potencial artístico parecia tão formidável.

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