KADAVAR: OS DOIS SINGLES DE ISOLATION TAPES, PRÓXIMO ÁLBUM DE ESTÚDIO

Foto por Joe Dilworth

O mundo moderno, em uma contradição desafiadora, está tomado por bandas que gostariam de ter nascido o Grand Funk Railroad. E a maior parte delas, felizmente, é regressiva apenas na estética: criam música de grande valor, com referências sempre fincadas no passado, mas cujos resultados funcionariam em qualquer época. O power trio germânico Kadavar, notável talento de uma geração stoner que abandonou hermetismos em busca de abrangência universal, é também um dos mais frontalmente vintageAbra Kadavar é, sem discussão, um dos melhores discos retrô da década de 2010, e sua cativante vontade de emular o Blue Cheer é apenas o ponto de partida para abraçar outras sonoridades (sejam elas ancestrais ou de uso corrente, seja de forma leve ou de maneira mais ampla), em um carreira que prima pela consistência. Quatro de seus cinco discos foram lançados pela também alemã Nuclear Blast – fora da gravadora após sete anos, se preparam para a chegada do sexto álbum de estúdio, sugestivamente intitulado “The Isolation Tapes” e agendado para dia 23 de outubro próximo, via Roboter Records, selo fundado pelo próprio grupo.



A primeira faixa de trabalho, “Everything is Changing”, havia sido liberada há dois meses, e já denotava algo mais intimista, diferente do rock cru que notabilizou o conjunto: uma tremenda balada, ao mesmo tempo melancólica e esperançosa, de espírito californiano (desta feita antenado com o folk norte-americano e a artistas dos anos setenta ligados ao movimento hippie, como Carole King e Joni Mitchell) e sensibilidade evidentemente europeia. Sexta última foi vez do segundo single, “Eternal Light”, nos ser apresentado. Material mais etéreo, em essência psicodélico, como se as texturas criadas pelos Beach Boys durante a fase “Pet Sounds” encontrassem os momentos mais viajantes do Grateful Dead, porém um passo ainda mais radical que a canção anterior em relação a seu direcionamento sonoro. Novo rumo em uma trajetória sem amarras, ou coisa de momento, expressão intencionalmente mais delicada neste período planetário de incertezas e consternação? Esperemos o álbum completo para conferir.

Sobre essa última, o baterista Christoph “Tiger” Bartelt declarou: “No início de abril, estávamos na metade do processo de composição do “Isolation Tapes”, e comecei a andar de bicicleta como parte de meu ritual matinal, em busca de algum tipo de clarificação. O sol brilhava, as árvores estavam repletas de folhas verdes e o som do vento me enchia de felicidade. Fazia-me feliz estar em casa. Pela primeira vez em oito anos, não tinha sequer uma turnê agendada. Desde que Judith e eu nos tornamos pais há três anos, e com outro bebê a caminho, ali encontrava fortes e positivos efeitos colaterais da crise gerada pelo coronavírus, afinal… Ainda penso muito nas últimas tours, e percebi que tinha um sonho constante enquanto excursionava. Era sobre me sentir mal por não estar em casa, e de minha filha Luca aparecer e sorrir pra mim. Fazê-la rir e ver seu sorriso era o que eu mais sentia falta. No sonho, isso me trouxe um sentimento de afirmação, de continuar com o meu trabalho, o qual sem dúvida amo demais. Essa imagem permaneceu forte em minha mente. Acho que a música é sobre isso – ter uma boa lembrança e deixá-la nos iluminar. O sorriso de Luca traz brilho a um dia escuro. Ela é minha eterna luz.”

Para adquirir o álbum “Isolation Tapes” em vinil 12″ colorido através da pré-venda, clique aqui.

Eternal Light

Everything is Changing

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