“BACK TO BASICS” DO CARBONA, RELANÇADO EM VINIL – O GUITARRISTA/VOCALISTA HENRIQUE BADKE NOS CONTA MAIS

Henrique Badke – Carbona


Demorou um bocado, mas aconteceu: já trabalhava na revista Rock Brigade quando, no ano de 2008, pintou em minha mesa uma cópia de “Back To Basics”. Conhecia apenas de nome o trio carioca Carbona, e por duas frentes distintas: o entusiasmo vulcânico de Fernando Souza Filho, veterano redator da RB (e dono do CD citado acima) sempre que falava a respeito dos caras; e a oposição de meus “radicais” amigos são-bernardenses, aferrados a bandas como Cruel Face e Ulster, pouco afeitos a melodias Bubblegum. Porém, mesmo que tenha travado contato com o segundo álbum do grupo ali, quase 10 anos depois de seu lançamento original, o efeito não poderia ser outro: fui fisgado de imediato! Músicas como “Tivoli Park”, “Lollypop Lemons Drops”, “Night Feelings” e principalmente “All My Friends Are Falling In Love” eram a perfeição paradisíaca em forma de canções, que uniam como poucas a inocência do rock sessentista com a energia do punk ramônico. Dali para ter minha própria edição do disco foi rapidinho – e, embora tenha até hoje especial apreço por toda a fase em inglês, BTB permanece meu título favorito na vencedora trajetória do Carbona.

 Agora é hora de vê-lo em formato inédito (e, em nossa opinião, o mais adequado): passadas mais de duas décadas, “Back To Basics” é enfim editado em vinil, cortesia da gravadora italiana Radiation Records. O guitarrista/vocalista Henrique Badke contou ao Monophono um pouco mais a respeito desse tão especial relançamento, e aproveitou para adiantar algumas novidades que agitarão o fã de Carbona no correr deste ano que se inicia. Passemos a palavra a ele, portanto.


Monophono: Como a reedição de Back To Basics em vinil tomou forma? A Radiation Records já havia disponibilizado algo do Carbona no mercado exterior anteriormente?

Henrique Badke: A Radiation tem uma série de lançamentos em vinil de clássicos do Bubblegum, e neste contexto surgiu interesse pelo “Back to Basics”, por ser um álbum que teve expressão na cena do Pop Punk no Brasil no início dos 2000, e que ajudou a tornar o Carbona uma referência por aqui, nesta onda “Ramonescore-bubblegum-Lookout Records”. Eles contactaram o Melvin, falamos com o Andre Tauil, dono da Thirteen Records (que detém os direitos da obra), e achamos que seria legal termos esta versão especial do disco.

Monophono: É a primeira vez que o álbum ganha versão em vinil – o primeiro de toda a história do Carbona no formato, aliás. O que inviabilizou a edição anteriormente? Altos custos influenciaram? Ou privilegiou-se o CD, mídia predominante nos anos 90 e 2000?

Badke: Acho que foi um pouco de tudo. Quando estes álbuns saíram originalmente, o CD como formato estava em alta, vendia bem, e era viável do ponto de vista econômico. Tivemos outras oportunidades de lançar material em vinil 12” mas esbarramos em alguns problemas que não permitiram que a coisa fosse pra frente. Editamos dois compactos 7”s na Europa anteriormente, mas é de fato a primeira vez que um disco completo do Carbona será lançado em vinil.


Carbona ao vivo no Oxigênio Festival 2022


Monophono: Por falar nisso, o Henrique Badke é um viciado em discos? Coleciona álbuns, gosta de tê-los em casa, fazem parte indissociável da sua vida? Existe em você a ansiedade em ver material seu prensado em LP?

Badke: Sou viciado em música! Conservo quase 2000 CDs em casa. Existe a vontade de ter os materiais do Carbona editados em todo e qualquer formato que possa fazer os fãs satisfeitos, inclusive em vinil. Eu tenho poucos LPs, mais aquilo que comprei ao longo da vida das bandas que sou fã, porém entendo que a música é sempre maior do que o formato. Combino um pouco de tudo: CD, streaming, vinil – só não pode é faltar som!

Monophono: O disco foi editado por uma gravadora italiana. Como ele será distribuído por aqui? Algum selo nacional demonstrou interesse em licenciar o “Back To Basics” no formato bolachão?

Badke: O álbum saiu em uma edição limitada especial. São poucas cópias, e teremos sim uma quantidade delas à venda no Brasil. Nós da banda receberemos algumas, a Thirteen receberá as suas também. Sei que existem selos procurando a Radiation, mas ainda não vi nada disponível por aqui.



 


Monophono: Como é revisitar esse álbum hoje, depois de mais de 20 anos de seu lançamento? O que as músicas ainda comunicam ao Badke de agora?

Badke: Acho ótimo. Revisitar o “Back To Basics” me coloca pra refletir que embarquei nessa há quase 30 anos e ainda estou aqui; mostra que as músicas do Carbona fizeram (e fazem) parte da vida de alguns por ai, e ainda ajuda a pensar 20 anos à frente. Tudo isso é uma construção de sentido que nos faz seguir, e, sem dúvida alguma, contribui para que nós, da banda, tenhamos alegria em prosseguir tocando e criando. Quanto às composições, acho que a grande maioria eu escreveria de novo, só as faria em português (risos)! Sigo acompanhando os grupos dos quais sou fã, como The Queers, Screeching Weasel, Groovie Ghoulies, Magaivers, Bong Brigade e Zumbis do Espaço, pois o Rock Ramônico ainda significa muito pra mim. Por isso tudo permaneço lançando álbuns a cada ano.

Monophono: Qual o ponto de maior importância de “Back To Basics” na carreira do Carbona, na sua visão? A partir dali, o que solidificou-se em definitivo pra vocês, seja musicalmente, seja extra-música?

Badke: O “Back to Basics” foi lançado numa época em que o mundo vivia um revival do Punk Rock. (Selos como) Epitaph, Fat Wreck Chords e Lookout eram uma verdadeira metralhadora de bons lançamentos do gênero, e acho que fomos felizes em registrar uma porção de músicas bacanas capaz de agradar os fãs de Pop Punk que na época formavam uma cena. Este álbum acabou sendo trilha sonora da adolescência de uma turma que no fim não nos largou mais. Sou grato não só por este, mas por todos os discos que gravamos – cada um da sua forma, em sua época -, e principalmente pelos que ainda virão.


Henrique Badke Solo 2023


Monophono: Já existem planos para reeditar algum outro disco da banda em vinil? Se sim, qual (ou quais)?

Badke: Sim. A Thirteen Records só não fez estes lançamentos porque nos atrasamos na entrega das capas. Estamos com o Taito Não Engole Fichas na agulha; será lançado ainda este ano, quando comemoraremos os 20 anos do álbum com uma turnê especial.

Monophono: O que se pode antever para o Carbona em 2023? Temos material novo pintando por aí?

Badke: A agenda de shows está intensa, com a turnê de 20 anos do Taito…, na qual o álbum será tocado na integra – mas sim, gravaremos um novo álbum em 2023.

Para adquirir o vinil através do selo Radiation Records clique aqui. Em breve mais novidades sobre a venda no Brasil através da Thirteen ou da banda.








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